Pinho, Cornos e Autoeuropa

Obviamente que não concordo com o gesto de Manuel Pinho. Obviamente que também concordo com a sua demissão.

O que me interrogo é o que lhe terá dito Bernardino Soares (Esse grande "demo crata") para levar Pinho a fazer semelhante gesto? Coisa boa não terá sido com certeza e as bocas que o Bernardino manda já são conhecidas... Como aquela da Coreia do Norte ser um paraíso de democracia. Ainda assim o lhe terá dito para lhe ser mostrado um par de cornos?

Ainda neste assunto ouvi hoje o fabuloso representante do Sindicato dos Mineiros de Aljustrel que disse à TSF que a demissão do Ministro da Economia só pecava por tardia porque mentiu!!! Ele não criou 230 postos de trabalho, porque 100 já existiam (As minas estavam fechadas e sem produção... O que acham que aconteceria a estas 100 almas se as Minas não tivessem sido compradas?) e só criou 70 novos postos de trabalho. Ora seguindo esta linha de raciocínio do representante sindical, mais valia que aquela merda tivesse ficado fechada... Ou criava os 230 ou então mais valia que se demitisse. Portanto temos 170 pessoas que estão a auferir um rendimento pelo seu trabalho porque as minas voltaram à actividade, fora todos os ganhos para aquela localidade... Mas não mais valia que nada disso acontecesse porque faltaram 50 postos de trabalho.

Para que se perceba como o monstro do sindicalismo funciona em Portugal deixo-vos esta posta que roubei do Jumento (ver aqui) acerca da Autoeuropa.

«Toda a gente sabe, embora os interessados não gostem que se diga, que os grandes meios de comunicação social (e não só) andam com o BE ao colo. Mas ao sr. António Chora, trazem-no em ombros.

Compreende-se bem que assim seja. Se para o grande capital é precioso um tampão eleitoral que previna uma maior deslocação de votos para o PCP e a CDU - votos que julgam ir recuperar mais tarde ou mais cedo -, muito mais precioso é um quadro operário cuja cabeça esteja feita, de cima a baixo, pela ideologia da classe dominante.

Na luta de classes há episódios marcados por um duplo valor: um valor intrínseco e um valor simbólico. É o caso actual da Autoeuropa, da resistência dos seus trabalhadores, e da violenta chantagem que sobre eles vem sendo exercida, sobretudo desde que rejeitaram o pré-acordo negociado entre a Administração e a CT. Desde Sócrates e o seu Governo à UGT e aos grandes meios de comunicação social, com destaque para o diário de Belmiro de Azevedo, não houve dia em que não fosse proferida uma ameaça, que não houvesse uma tentativa de encostar os trabalhadores à parede, que não fossem os trabalhadores aconselhados a juntar novas cedências às que há muito vêm sendo forçados a fazer. E não houve dia em que o sr. Chora, embora com todas as cautelas, não viesse fazer coro nesse processo.

Onde se pedia a um dirigente firmeza na defesa de interesses de classe, da parte do sr. Chora o que se ouve é a repetição dos argumentos da administração, a reiterada disponibilidade para vender direitos, o ataque aos trabalhadores que tiveram o atrevimento de o desautorizar, a argumentação anti-comunista.

O sr. Chora, e com ele certamente o BE, acha retrógrado o sindicalismo de classe (que escreve entre aspas), e acha que deve «adaptar-se» (25.01.09, www.esquerda.net). Adaptar-se aos «novos sistemas de trabalho», à «flexibilidade», às «novas polivalências», aos «novos horários de trabalho respeitando as cargas de trabalho». Para essa «adaptação» não é necessária luta, porque palavras dessas são música para o grande patronato.

A luta da Autoeuropa seguirá o caminho que os seus trabalhadores quiserem. Depende, decisivamente, da sua unidade e da sua consciência de classe.

Coisa que o sr. Chora não sabe o que é.» [Avante]

Era demais para o PCP suportar os elogios ao BE a propósito do acordo na Autoeuropa, para o PCP é preferível que a fábrica encerre as portas em Portugal em nome da sua liderança do que suportar ser ultrapassado pelo BE.

Alguém ainda duvida de que para este PCP os interesses do partido estão muito acima dos dos portugueses?

Os professores, os polícias e outros profissionais que deixam enquadrar as suas lutas por gente como o Mário Nogueira que apenas está interessada nos interesses mesquinhos do PCP que reflictam um pouco sobre este artigo, mais primário e objectivo não poderia ser.

Fim de Roubo.

Um bom fim-de-semana para todos e não se esqueça de serem felizes.

Namaste

Comentários

  1. Zé,

    Obviamente que não concordo com a atitude do Dr. Manuel Pinho, seja ela tomada em plena Assembleia da República ou em qualquer outro lado.
    Agora o que é preciso ter um descaramento do maior calibre é que o líder da bancada parlamentar comunista diga, tipo "menino de coro" que nada fez.
    O ex-Ministro da Economia não é louco a ponto de chamar "corno" ao deputado comuista a menos que também tivesse sido insultado. Também era interessante saber o que este deputado disse, a bem da verdade...

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  2. Concordo contigo... Seria muito interessante. Alguma coisa ele deve ter dito. Também não acredito que o Pinho reagisse assim sem ser provocado.

    Mas acho que nunca saberemos.

    Um abraço

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  3. Vejam o artigo de opinião escrito no blogue O Flamingo acerca da "tourada" que teve lugar, ontem, na Assembleia da República.

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  4. Sr Flamingo já lá fui ler e não gostei. volte sempre

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  5. O PCP tal como existe é irrelevante. A manter o seu enquadramento ( e dificilmente o alterará) resta-lhe percorrer o caminho de se tornar (ainda mais?) uma associação criminosa de contornos mafiosos.

    Porque a sua base está a ir no caminho de uma qualquer espécie em vias de extinção - o operariado industrial daqui a pouco representa tanto quanto os agricultores...

    Será por não termos jeito para o assunto?

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  6. Não sei sabes Pyros? Cada vez mais acho que o PCP representa uma utopia que com a crise as pessoas estão tentadas a acreditar.

    Repara... É muito fácil prometeres água a quem tem sede e comida a quem passa fome. Nenhum deles te vai perguntar como é que tu arranjas essa água e essa comida, desde que as arranjes.

    Falando para um eleitorado descrente, desempregado e faminto é fácil ao PCP aproveitar-se das fraquezas destes e prometer-lhes o paraíso na terra. É fácil, pois eles não o vão questionar. Só precisam de lhes dar poder.

    Foi isso que aconteceu com o Hitler. Este chegou ao poder, baseando o seu discurso naquilo que os Alemães queriam ouvir. Era fácil apontar dedos, sem ser questionado, pois os alemães estavam famintos e desmoralizados. Elegeram o Hitler e o que aconteceu a seguir

    O mesmo aconteceu com Cuba e Fidel e com a China e o Mau.

    No fundo todos eles foram predadores das desgraças e do enfraquecimento social que na altura viviam estes paises, para impor a sua vontade sobre a dos povos.

    É isto o PCP, enquanto partido, e não enquanto comunismo.

    Em outra vertente afinal o ministro não entregou cheque nenhum (o Bernardino foi cabalmente desmentido pelo Presidente do Aljustrelense) e parece que os lugares criados foram mesmo 230.

    Será que o Bernardino se demite? Sim porque mentiu descaradamente e deliberadamente. Não será isso bem pior do que os cornos do ministro.

    Assim se vê a coerência do PC

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  7. Zé,

    O discurso dos camaradas "Cassetes" já não convence ninguém, até porque a malta agora só ouve CD's e iPod's...

    É pena que os habitantes do Barreiro não tenham a mesma forma de pensar.

    Um abraço,

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  8. tenha dito o Bernardino fosse o que fosse nada justifica aquele gesto por parte de ministro, que também me representa a mim, comunista, apesar de não ter votado nele, na Assembleia da Républica NADA!
    Posto isto, eu sinceramente militante do PCP há vários anos sempre quue ouço o mito das cassetes até se encaracolam as unhas dos pés, somos muito á frente, blue-ray, dvd, cd, i-pod, etc...
    Gostava de ser rebatida naquilo que é a minha opção politica com argumentos, posições, alternativas, não com mitos e chacotas.
    Mas isto sou eu, outras coisas posso responder em privado.

    beijos

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  9. Ana a questão não tem a ver com a a ideologia comunista, mas sim com a posição do PCP. É isso que eu digo na minha resposta ao Pyros.

    Por outro lado, não gostarias de saber o que terá dito o Bernardino? Acredito que se te chamassem certos nomes, ou aos teus, tu viravas uma fera...

    Não achas que o ministro tem o mesmo direito? Ainda mais agora que se provou que foi acusado de uma mentira?

    Não achas que alguém também lhe deve um pedido de desculpas?

    Um beijo muito grande para ti.

    Ao Sr. J.S. Teixeira do Flamingo. Desculpe mas não vou publicar os seus comentérios, onde faz publicidade ao seu blog. Não defendo esse comportamento e também não o faço. Se quiser comentar os meus artigos, terei todo o gosto em os debater consigo e publicar a sua opinião, seja ela qual for, mas publicidade ao seu blog, não faço.

    Cumprimentos.

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  10. Olha Zé

    Em coisas institucionais, camaradas teus já me chamaram mentirosa, infame, já levantaram suspeições sobre mim e a minha actuação, pior sempre em termos pessoais, nunca em termos institucionais ou a criticar as minhas acções ou opções, nuncative uma atitude minimamente parecida com esta.
    Também foram imputados a membros da minha familia coisas fabulosas carros, casas, quintas, etc...o pior é que algumas dessas coisas são ditas por quem no dia a dia me pede ajuda, cumprimenta-me com simpatia (falsa), etc.
    Eu não funciono assim, não consigo ser falsa, fingir simpatia, posso ser cordial, mas não é a mesma coisa
    Bernardino Soares não deve ter soprado ao ouvido de Manuel Pinho, estava na bancada, suponho que as sessões são gravadas, estão lá jornalistas outros deputados de outros partidos, é estranho ninguem ter ouvido esse insulto tão destabilizante.
    E ainda assim a mim já me chamara nas trombas filha de uma mulher de mau porte e eu não fiz nenhum gesto...
    Volto a dizer quando se atacam as politicas, as opções, as propostas os programas é uma coisa, atacar com base e mitos e chacota é outra.
    Comparar o PCP a uma associação criminosa de contornos mafiosos?!
    Predadores de desgraças?!

    Ò Zé!

    (como não sou fingida não me apetece mandar beijos....)

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  11. Oh Ana, continuo a falar no plano das acções e não no das ideologias.

    A associação criminosa com contornos mafiosos terá de ser explicada por quem proferiu a afirmação.

    A minha opinião é aquela que dei. Ana é muito fácil prometer, prometer, prometer... Depois o difícil é ter de se concretizar. E desculpa se te ofendo com as minhas palavras, mas considero o PCP um partido irresponsável e sem nenhum sentido de estado, que preda a desgraça alheia, porque só assim consegue proliferar a sua base de apoio. Diz-me em que País Nórdico tu tens Partidos de Ideologia Comunista, com relevência eleitoral? Ou seja, em paises que a população viva razoavelmente bem, os Partidos Comunistas não têm grande influência. Quando é que a votação no PCP subiu em Portugal? Durante uma das maiores crises do País, com níveis de Desemprego abissais.

    Ana não discuto a ideologia. O que eu quero atingir é o modus operandis e esse é inegável. O PCP cresce em crise e desaparece quando o equilíbrio financeiro desaparece.

    Só mais uma pergunta... Porque é que a nível europeu não existe um único país governado por Comunistas?

    Como sabes, sou terminantemente contra as ofensas pessoais, venham elas de que quadrante vierem e critico-as frontalmente.

    Como não tive a intenção de te ofender, mando-te um beijo, pois continuo a querer mandar-te beijinhos e chamar-te flor, mesmo que não concorde nada, mas mesmo nada politicamente contigo.

    Portanto: BEIJOS

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  12. Explica lá como se eu tivesse 4 anos qual foi a parte ideológica no incidente do Pinho que falhou?

    Explica-me também qual é a promessa ideológica, demagógica, irresponsavél proposta pelo PCP?

    Serão 150 000 novos empregos?

    A sério Zé há coisas que eu não ataco porque acho que as pessoas me merecem respeito e que não posso de todo fazer aos outros o que não quero que me façam a mim..
    Mas em termos de demagogia e promessas irreais existem muitos ananases para descascar não existem?

    De qualquer das formas não vou comentar este assunto mais, aqui, claro que venho cá ler, posso trocar impressões contigo de outra forma, mas penso que já te apercebeste que não sou dada a este tipo de troca de galhardetes nem tenho por hábito fazer este tipo de textos no meu estaminé.

    De qualquer das formas, para rematar quando digo que fui ofendida pessoalmente por camaradas teus, são camaradas teus, aqui do Barreiro, alguns a quem até ajudei pessoal e profissionalmente.
    E podes querer que doí muito lidar com pessoas com toda a franqueza apesar de diferenças ideológicas e sentir a facada nas costas, doí imenso!
    Mas não fiz nenhum gesto malcriado, nunca.

    beijo (pequenito ainda)

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  13. Olá. Como é óbvio existem pessoas más em todos os sitios, bem como pessoas boas.

    Ana não é de todo minha intenção ofender-te quer pessoal, quer politicamente.

    Será que a criação desses 150000 empregos em época normal teriam sido assim tão difíceis? Teria sido assim tão difícil se as nossas exportações continuassem a subir como se previa?

    Como controlar o preço do pão, do leite e de outros bens de primeira necessidade?

    Como aumentar os subsidios de desemprego? Eu e tu pagamos mais impostos? Ou vamos a tudo o que são grandes fortunas? E quando essas não existirem? que fazemos?

    Oh Ana o ministro fez cornos... tens razão. Foi mal educado. Mereceu ser demitido. E o Bernardino que mentiu? O que merece ele? Passa incólume é isso?
    E ouviu-se bem, pois ele disse-o a todas as televisões que encontrou.

    Ana um beijo grande, pois tenho uma boca muito grande para dar beijos piquenos.

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  14. Sim Ana, fui eu o autor e não o Gil.

    Primeiro, é melhor começarmos por um enquadramento: em matérias religiosas e para bem da sanidade mental dos crentes, deve-se separar a fé da relegião e - acima de tudo - da Igreja.

    Sobre a fé, sendo algo pessoal e intrínseco à pessoa, não estamos no formato e mesmo meio mais adequado. Mas deve ser respeitada.

    Sobre a religião, já pode ser discutida quer em termso teológicos, quer conceptuais, embora raramente as pessoas de facto o façam.

    Quanto às pessoas que exercem o poder temporal em causa, já entramos em questões bem mais directas e pertinentes.

    Agora enquadrando a minha observação no que se refere ao PCP. Por exemplo, mantém fortes ligações, semi obscuras, com certas estruturas sindicais. Quando ou se um determinado sindicato tomar uma atitude contrária (ou alheia) aos interesses dos seus representados para servir objectivos políticos do PCP é um caso de tráfico de influências.

    Com a sua base estrutural de suporte tradicional está a desaparecer, as estratégias paralelas de poder e guerrilha política vão começar a tornar-se mais importantes para a sobrevivência do partido.

    Infelizmente também não é exclusivo do PCP e termino este tema com uma citação:

    "No actual estado de degradação das estruturas partidárias, os partidos são verdadeiras escolas de tráfico de influência"

    Quanto às promessas eleitorais, Gil, todos os partidos prometem coisas que sabem não atingir, serem inexequíveis, improváveis e, em muitos casos, indesejáveis. Quanto mais longe do poder e mais "imaginativo" o partido, mais fantásticas são as promessas. Então se não se tiver o qualquer enquadramento ideológico e formos um assomo de marketing político com ganzas e más contas à mistura, "the sky is the limit".

    Bjs e abraços

    ResponderEliminar
  15. Sim Ana, fui eu o autor e não o Gil.

    Primeiro, é melhor começarmos por um enquadramento: em matérias religiosas e para bem da sanidade mental dos crentes, deve-se separar a fé da relegião e - acima de tudo - da Igreja.

    Sobre a fé, sendo algo pessoal e intrínseco à pessoa, não estamos no formato e mesmo meio mais adequado. Mas deve ser respeitada.

    Sobre a religião, já pode ser discutida quer em termso teológicos, quer conceptuais, embora raramente as pessoas de facto o façam.

    Quanto às pessoas que exercem o poder temporal em causa, já entramos em questões bem mais directas e pertinentes.

    Agora enquadrando a minha observação no que se refere ao PCP. Por exemplo, mantém fortes ligações, semi obscuras, com certas estruturas sindicais. Quando ou se um determinado sindicato tomar uma atitude contrária (ou alheia) aos interesses dos seus representados para servir objectivos políticos do PCP é um caso de tráfico de influências.

    Com a sua base estrutural de suporte tradicional está a desaparecer, as estratégias paralelas de poder e guerrilha política vão começar a tornar-se mais importantes para a sobrevivência do partido.

    Infelizmente também não é exclusivo do PCP e termino este tema com uma citação:

    "No actual estado de degradação das estruturas partidárias, os partidos são verdadeiras escolas de tráfico de influência"

    Quanto às promessas eleitorais, Gil, todos os partidos prometem coisas que sabem não atingir, serem inexequíveis, improváveis e, em muitos casos, indesejáveis. Quanto mais longe do poder e mais "imaginativo" o partido, mais fantásticas são as promessas. Então se não se tiver o qualquer enquadramento ideológico e formos um assomo de marketing político com ganzas e más contas à mistura, "the sky is the limit".

    Bjs e abraços

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  16. Sr Flamingo já lá fui ler e não gostei. volte sempre

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