Aventura no Ensino (Resposta ao José Carrancudo)

Como prometido na Sexta, cá vai a minha resposta ao José Carrancudo.

Caríssimo José, vai-me desculpar, mas não me convenceu o suficiente para eu mandar a tal mensagem à Ministra da Educação.

Não José. Não é só o método de ensino que está em discussão. Também é necessário debater o Modelo de Escola para o século XXI. Eu não entendo porque é que enquanto professor, não lhe interessa este debate. Deveria ser um dos principais interessados, pois o seu papel enquanto docente está a sofrer profundas alterações. Alterações essas, que obrigarão necessariamente a uma alteração da postura e do comportamento técnico do Professor.

A memorização é necessária como base de uma aprendizagem sustentada. Mas não se pode por o enfoque na memorização, mas sim no Raciocínio e na compreensão. Não quero ver este país como ele está agora, responsabilidade de 40 anos de politica de ensino desastrosa, em que o enfoque estava na memorização e que criou um número elevado de iliterados (o grau Zero foi criado para nós portugueses).

A sua visão do ensino é antiquada e produzirá resultados que não servem os interesses do país e dos seus habitantes. Se não houver uma ligação forte da Escola ao mundo empresarial, continuaremos a ter pessoas que saem da Escola e ficam no desemprego. É isso que quer?

Eu defendo a privatização total do ensino. O Estado não tem de ter escolas e professores para garantir o acesso ao ensino. O papel do Estado deve ser regular e controlar, nada mais. Presentemente, o Estado gasta dinheiro em recuperar escolas (edifícios) e pagar ordenados aos Recursos Humanos ao abrigo do Sistema Escolar. Garanto-lhe que sai mais barato ao país o Estado promover um conjunto de bolsas de estudo para quem não tem dinheiro para frequentar a escola, do que aguentar a situação como ela está.

Mas sei que me vai colocar outra dúvida… E então nos sítios onde não é lucrativo montar uma escola? Olhe isso hoje já acontece. A responsabilidade deve ir para as Câmaras Municipais, que deveriam proporcionar os meios para transportar as crianças para o estabelecimento de ensino mais próximo da sua residência.

O que se passa hoje ao nível das creches deveria ser o modelo adoptado pelo estado para todo o ensino. É assim que se gerem verdadeiramente os recursos. Dando espaço para iniciativa privada. E ninguém fica de fora… nem mesmo os que não têm dinheiro para por os seus filhos na escola… O Estado subsidia.

Por último, não consigo perceber os professores. Segundo afirmou na sua primeira resposta, tudo o que se passa hoje na Escola nada tem a ver com os Professores. Nada? Então o que lá andam vocês a fazer? Qual é o vosso papel na Escola? A imagem de desresponsabilização que passam é grave e afecta-vos a vossa credibilidade, enquanto profissionais. Quem faz as leis, são professores que estão no Ministério e que indicam à Ministra qual o caminho que esta deve seguir. Se os professores, enquanto classe não se entendem… Mas não diga nunca que os problemas que a Escola tem, nada têm a ver com os Professores, como se eles não fizessem parte do Sistema.

Mais uma vez lhe agradeço ter-nos proporcionado esta troca de ideias que me obrigou a aprofundar as convicções que já tinha, do Modelo de Escola e do Método de Ensino, que melhor serve às nossas necessidades.

Um abraço para si e para todos os que acompanharam este debate escrito.