Sequestradores de Abril!
Ontem a Democracia fez 47 anos. Uns consideram-se donos da data e outros tentam desvirtuar a memória do dia em que nos foi devolvida a nossa liberdade. Aos primeiros estou agradecido por tudo o que fizeram para que eu hoje pudesse escrever estas linhas sem me preocupar que a PIDE me aparecesse à porta e me levar por delito de opinião. Mas tudo o que fizeram não lhes dá o direito de agir como uma espécie de porteiros da festa, controlando que pode ou não, estar na dita. Como se a liberdade não se aplicasse a todos e a democracia não defendesse todas as posições, por muito parvas ou anti-democraticas que estas sejam. Além disso, não podem querer transformar Abril num movimento de pensamento único porque Abril fez-se para se exactamente o oposto! Para que cada um se sentisse livre para expressão as suas verdadeiras opiniões, sem censura ou limitação. É verdade que a Liberdade nos trouxe sempre quem quisesse aproveitá-la para a transformar numa ditadura tranvestida de democracia musculada.
1. Criticar os professores.
Mandou-se fazer o que não pode ser feito. Quem é o culpado? Quem não consegue fazer, ou quem mandou fazer? Para nós, a resposta é mais que óbvia.
2. O abandono é de 40%, as notas médias de 6 ou 7, então dos 60% que não abandonaram, só 1/3 (20% do total) tira uma nota positiva. 40%+40% são 80% os alunos que não aprenderam o suficiente para ficarem minimamente interessados para acabar ou continuar os estudos.
3. Das teorias de pensamento: qual é a utilidade de se pensar em imagens sem se poder transmitir o que quer que seja aos outros? No aspecto social, o pensamento está sempre ligado à palavra. Fora da sociedade, o "animal" humano não se desenvolve intelectualmente, ficando-se por reacções instintivas e sem capacidade de pensamento abstracto. Este último, é uma consequência da transmissão oral dos conhecimentos adquiridos por muitas gerações, quando ainda não havia escrita, mas já havia palavra e língua. Foi precisamente a capacidade de memorização que gerou o pensamento, com base nos conhecimentos acumulados.
4. Harry Potter: a leitura deve ser ensinada no 2º ano, usando o abecedário e não livros grossos. Para esta idade, os livros de Harry Potter são complexos, e devem ser lidos com o acompanhamento de um adulto, para não criar ideias deturpadas sobre o mundo.
5. Currícula vs Currículos - a pesquisa no Google revela que a versão aportuguesada é bem aceite (30% dos usos).
6. Memorização vs Raciocínio (lógico, critico, etc)
Não se deve opor as duas coisas. Como dissemos, a abordagem presente absolutiza o raciocínio crítico, expurgando todos os exercícios de memorização dos currícula (o spellchecker não gosta desta versão). Ora, isso, a nosso ver, impossibilita todo e qualquer pensamento (impossível sem os conhecimentos memorizados - ponto 3), como mostram, e bem, os resultados dos exames nacionais.
7. Matemática, tsunamis, filosofia, etc: tudo isto requer conhecimentos memorizados, e também o desenvolvimento da capacidade de memorização. Esta última, tem que ser desenvolvida na altura certa, ou seja, na escola primária. Mais tarde, já é tarde demais: é o resultado da fisiologia do desenvolvimento do cérebro humano.
8. Dificultar o ensino: não precisamos de dificultar os currícula, precisamos é de ensinar como deve ser e como o nosso cérebro consegue aprender. Ainda, precisamos de exigir que o aluno demonstre os seus conhecimentos, e não a sua capacidade de fazer copy-paste preparando trabalhos inúteis.
9. Sim, ainda me lembro da tabuada porque a decorei. E mais, consigo recitar alguns poemas.