Barreiro que Futuro? – Passado e Presente (Parte 1)


Começo hoje a publicar uma série de artigos sobre a minha visão do futuro do Barreiro. Nestes artigos expresso a minha opinião pessoal sobre o estado actual do Barreiro e deixo algumas propostas para o futuro.

Como Barreirense, uma das coisas que mais me incomoda é o estado de estagnação que o Concelho atingiu. Talvez porque me lembro do Barreiro como uma cidade dinâmica e com vida própria, ou porque aprendi que o Barreiro é mais do que aparenta aos olhos. Uma coisa é certa, este não é o meu Barreiro nem o que desejo para os Barreirenses. Talvez por esse motivo tenho alguma dificuldade em entender algumas das opções, participadas ou não, que foram e, infelizmente, ainda são tomadas na gestão da minha cidade.

O Barreiro sempre foi gerido sob uma perspectiva puramente política. As forças partidárias, com possibilidade de governação, sempre me pareceram mais preocupadas em debater as grandes questões da política nacional, do que apresentarem soluções para os problemas que afectam o nosso Concelho. Ora isto fez com que o Barreiro fosse crescendo desordenadamente, sem uma estratégia que tornasse esse crescimento sustentável, quer socialmente quer financeiramente. Estávamos todos muito entretidos a olhar para o País e esquecemo-nos do sítio onde vivemos.

Foi com tristeza que acompanhei a perda de importância de um concelho fortemente industrializado, o desmantelamento dessa mesma indústria e a terciarização que se seguiu. Ao fim de alguns anos, o Barreiro já só tinha para oferecer a sua proximidade a Lisboa. Daí a tornar-se numa cidade dormitório foi um passinho…

Esta nova condição do Barreiro, como cidade dormitório, fez com que se apostasse fortemente e quase exclusivamente na construção de novas habitações. Prédios e mais Prédios começaram a aparecer por tudo o que era lado. Era preciso agarrar esta onda de novos residentes, desejosos de virem “dormir” para um concelho que apresentava preços baixos de habitação (comparados com Lisboa) e ainda assim uma proximidade à Capital que ficava à distância de uma travessia do Tejo.

A outra vertente do Concelho aquela pelo qual o Barreiro tinha crescido e se desenvolvido, a industrialização, essa foi esquecida e, no meu entender, até desincentivada. A Quimigal foi transformada em Parque Industrial, as fábricas fecharam e começaram a aparecer as empresas de serviços, que criaram algum trabalho, mas o saldo final foi claramente uma diminuição drástica do número de postos de trabalho, pois as fábricas criam-nos em maior número que as empresas de serviços, que necessitam de menos trabalhadores.

No entanto, o Comercio local rejubilava com a possibilidade de haver mais clientes, pois já que vinha ai tanta gente, este seria um sector lucrativo para investir… Enganaram-se. Os novos moradores do Concelho abasteciam-se em Lisboa ou nas grandes superfícies e o comércio local foi definhando, até estar quase extinto (veja-se o número de lojas devolutas). Com o fecho das fábricas, alguns negócios que se alimentam delas, tais como restaurantes, não tiveram outro remédio senão fechar também. Só os cafés e pastelarias pareciam sobreviver. Mas hoje, até esses estão em clara crise de clientes, pois não chegam para todos.

Com o aumento dos preços da habitação (consequência da forte procura) e as melhorias das acessibilidades a Lisboa, estes moradores foram à procura de novas paragens e consequentemente o Barreiro começou a perder habitantes. O Barreiro é o único Concelho do Distrito de Setúbal a perder pessoas, segundo o Census. Estranho não? A aposta feita na proximidade a Lisboa, em detrimento do incentivo à indústria e à criação de postos de trabalho no concelho, saiu furada. Será que esta situação era inevitável? Eu pessoalmente acho que não.

Nos próximos artigos falarei das propostas e do futuro. Por hoje é tudo.

Comentários

  1. Olá Zé!

    Acho que tens razão quando dizes que os partidos de poder, no Barreiro, se preocupam mais com Portugal do que com o nosso concelho. Esquecem-se que Portugal é o Barreiro e outros Barreiros mais, que no seu conjunto contituem um todo nacional.

    Seria possível olhar apenas pela pele, apenas pelo cabelo ou apenas pelo coração? Não é só dispondo de órgãos saudáveis no seu conjunto, e cuidando de cada uma das partes, que se consegue que o todo seja são?

    Importa imaginar um barreiro diferente, importa ouvir mais vezes "barreirenses" como o Professor António Câmara, o Eng. Matias Lopes ou o Eng. Luís Tavares e acreditar que é possível, necessário, fazer diferente e melhor.

    Cá estarei à espera das tuas propostas, pois bem sei o amor que tens pela tua terra e concerteza serão propostas que merecerão análise e discussão.

    Um abraço!

    ResponderEliminar
  2. Luis

    Fico contente com o facto de concordares. É preciso dar outra alma ao Barreiro para que a cidade não morra da má gestão crónica que tem sofrido.

    Já tenho um conjunto alinhavado de propostas e estou a redigir mais um conjunto que publicarei na próxima semana.

    Obviamente que gostaria que opinasses, pois prezo muito a tua opinião

    Um abraço

    ResponderEliminar
  3. Boas Zé Gil,

    O Barreiro é concerteza uma cidade e um concelho que voltaram a ser colocados no mapa.

    No Barreiro sempre se seguiu uma política miserablista com o poder local a cruzar os braços perante a inevitabilidade do encerramento da indústria química pesada que se havia instalado e que entretanto se desmantelou quase por completo.

    O que é inaceitável, e falo apenas a título de exemplo, é que uma Urbanização criada de raíz, cujo projecto e construção foi aprovado pelos executivos comunistas, seja praticamente votada ao abandono como se não pertencesse à freguesia do Lavradio e ao concelho do Barreiro.

    Assim não vamos lá!!!

    Também tenho algumas propostas de que irei falando, enquanto publicares as tuas.

    Um abraço,

    ResponderEliminar
  4. Olá Reguengos.

    É uma realidade. Parece que a tal urbanização sofre de ostracismo. Porquê? Talvez porque quem lá more não seja adepto do mesmo clube... E por isso tenha de ser "castigado".

    Até o Executivo da Junta ajuda... Será acção concertada?

    Espero esta semana editar o segundo artigo, este já contendo as primeiras ideias.

    Neste quis fazer somente uma análise do passado e do presente da cidade e do concelho.

    Um abraço e cá ficarei à espera das tuas propostas, que sei de antemão que serão muito interessantes.

    ResponderEliminar
  5. Olá Reguengos.

    É uma realidade. Parece que a tal urbanização sofre de ostracismo. Porquê? Talvez porque quem lá more não seja adepto do mesmo clube... E por isso tenha de ser "castigado".

    Até o Executivo da Junta ajuda... Será acção concertada?

    Espero esta semana editar o segundo artigo, este já contendo as primeiras ideias.

    Neste quis fazer somente uma análise do passado e do presente da cidade e do concelho.

    Um abraço e cá ficarei à espera das tuas propostas, que sei de antemão que serão muito interessantes.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

7 Perguntas a Carlos Humberto

Lavem a Lei do Financiamento dos Partidos com Tide

Mariquices e Disciplina de Voto