Barreiro que Futuro? – Parte 2 (Desafios do Futuro)

Publico hoje o segundo artigo sobre o Futuro do Barreiro. Neste deixo algumas linhas gerais, que julgo serem aquelas que deverão orientar as futuras gestões da Câmara, de forma a tornar o concelho sustentável e dinâmico (na minha opinião), resultando numa maior qualidade de vida para os seus munícipes.

Com os investimentos anunciados pelo Governo, quer no Barreiro quer no distrito de Setúbal, colocam-se novos desafios ao Concelho e este terá de dar uma resposta cabal da sua capacidade e do seu espírito de iniciativa.

Estes investimentos, por si só, terão um impacto muito positivo na dinamização das forças económicas do concelho, permitindo certamente a sua revitalização. Mas se a atitude continuar a ser aquela que se registou até aqui, dificilmente o Barreiro voltará a ser um pólo de desenvolvimento económico como um dia já foi.

É urgente desenvolver uma estratégia, que enquadre devidamente estes investimentos, assente na sustentabilidade económica, na melhoria da atractividade e na melhoria da qualidade de vida, para desta forma "atrair" novos investimentos públicos e privados, que criem novos postos de trabalho quer directos quer indirectos, devolvendo ao Barreiro o estatuto de cidade industrial e acabando de vez com o estatuto de cidade dormitório.

As mais-valias do concelho do Barreiro não se esgotam nos investimentos que irão ser feitos pelo Governo. O Barreiro ocupa uma posição geoestratégica invejável, pois está muito próximo de Lisboa (e ainda ficará mais com a construção do Corredor Barreiro - Chelas) e das ligações ao Sul e a Espanha. Por outro lado já possui as infra-estruturas necessárias para albergar qualquer tipo de empresa e/ou de indústria, bem como os ramais ferro e rodoviários, que permitem uma capacidade de escoamento das produções com uma clara redução de custos.

O Concelho do Barreiro possui ainda uma boa rede de transportes públicos, que permite a mobilidade dos trabalhadores, se bem que esta rede pode ser melhorada, apostando na requalificação do meios e também no redesenho das rotas. Com a estratégia correcta, esta rede pode deixar de ser deficitária e passar a ser uma fonte de rendimento para o município, desde que haja uma aposta efectiva neste meio de transporte.

Por todas estas razões não se compreende como as indústrias preferiram investir em Concelhos mais distantes, como Vendas Novas e Évora, que tiveram de construir todas as infraestruturas para albergar essas indústrias, ao invés de investirem no Barreiro onde tinham todas as condições reunidas. Só é possível de entender à luz de uma estratégia camarária que preferiu a construção civil à reindustrialização do Concelho.

Assim, é necessário que a gestão autárquica seja capaz de proagir, em vez de reagir, aos novos investimentos, projectando um verdadeiro modelo de cidade do Século XXI, apoiada nas mais-valias existentes e na melhoria da qualidade de vida dos munícipes. Deixo aqui alguns dos desafios que se colocam ao Barreiro nos próximos anos:

1. Desenvolver uma estratégia assente na recuperação e revitalização do tecido económico do concelho, aproveitando os novos investimentos do Governo e a localização geográfica privilegiada do Concelho.

2. Melhorar a organização do território do Concelho, explorando as potencialidades do terreno ainda vago, nas vertentes de Habitação e Indústria.

3. Melhorar as acessibilidades ao Concelho e potenciar a mobilidade interna, fazendo uma aposta na vertente de Transporte Colectivo.

4. Melhorar a capacidade de Acção Social da Autarquia, através da disponibilização de ajudas aos organismos privados e públicos de Acção Social.

5. Agilizar os processos internos de Gestão Camarária, de forma a tornar a Câmara num verdadeiro parceiro, quer dos munícipes quer dos actuais e dos potenciais investidores.

Irei desenvolver cada um destes desafios nos próximos artigos, deixando um conjunto de medidas para cada um deles. No entanto, se surgir algum assunto de interesse, farei uma interrupção na publicação destes artigos, retomando-os de seguida.

Uma boa semana.