Em casa onde não há pão...
Ando frustrado a pensar na vidinha e como esta crise me afecta no dia-a-dia. Os preços do combustível acabaram-me com o vício de andar de carro e os preços na loja estão cada vez mais elevados e já nem o Lidl se safa. É cada vez mais difícil fazer a economia doméstica.
Antigamente, uma vez por outra ia jantar fora a um restaurante razoável, mas agora já nem isso posso. Quer dizer poder posso, mas não me atrevo a gastar dinheiro mal gasto em alturas como esta, pois o futuro é incerto.
Para ver quando vem a retoma económica e as vacas a deixam de ser só pele e osso (com a aproximação do verão nem vai ser preciso fazer dietas relâmpago para caberem no biquíni) vou lendo uns jornais. Mas ainda fico mais deprimido. Uns dizem que a culpa é do governo e das suas políticas neoliberais e fascizantes. Outros porém argumentam que a crise é global e nos afecta mais ainda por não termos uma estrutura económica capaz de aguentar este impacto (o que quer que isto queira dizer...) e que a culpa é dos sucessivos governos e políticas seguidas. O governo por seu lado, diz que está no bom caminho para resolver a situação, mas ninguém parece acreditar. Ou seja, para além da crise também temos a habitual agitação social, com toda a gente na rua a gritar por tudo e por nada.
Quando ligo a televisão, na esperança que talvez as imagens me alegrem, logo perco a esperança. Todas as notícias são iguais... Uns gritam e outros gritam ainda mais e alguns curandeiros juram ter a cura milagrosa para todos os nossos males, que prometem acabar com a nossa situação em dois dias, sendo só necessário uma ou duas panaceia feitas à base de umas ervas e rezas e logo tudo melhorará.
E neste entremeio cá continuo eu, em casa, desejoso que alguém tenha realmente a solução para esta confusão que se instalou no meu país, esperançado que não seja só preciso gritar mais alto...
Toda esta situação lembra-me um ditado popular: "Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão".
Será que este momento não deveria ser de reflexão? Será que este extremar de posições beneficiam alguém realmente? Será a clubite política ou outra o melhor remédio? Sinceramente, não sei. Só sei que assim irei continuar em casa por mais tempo, olhando tristemente para o meu país que se incendeia (e desta vez não é ainda pelos fogos florestais) à beira da derrocada final.
E neste entremeio cá continuo eu, em casa, desejoso que alguém tenha realmente a solução para esta confusão que se instalou no meu país, esperançado que não seja só preciso gritar mais alto...
Toda esta situação lembra-me um ditado popular: "Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão".
Será que este momento não deveria ser de reflexão? Será que este extremar de posições beneficiam alguém realmente? Será a clubite política ou outra o melhor remédio? Sinceramente, não sei. Só sei que assim irei continuar em casa por mais tempo, olhando tristemente para o meu país que se incendeia (e desta vez não é ainda pelos fogos florestais) à beira da derrocada final.
Caríssimo,
ResponderEliminarParece algo desesperado!
Tenha calma, o pior ainda está para vir.As obras megalómanas do país falido são para continuar, foram estádios, serão TGV,TTT,aeoroporto, que mais virá...nós pagamos e se não pagarmos...chamem a polícia...mau mau mau chamem a polícia!
Cordiais cumprimentos
Zé Ferradura
Ola Gil realmente nao posso deixar de concordar que isto não está a seguir o melhor caminho. O Povo onde eu me incluo esta simplesmente a ver passar os problemas sem saber que rumo tomar o futuro proximo é uma uma noite completamente ausente de luz e que apenas provoca que as pessoas nao saibam o rumo a tomar. Não estou a ver um futuro risonho, fala-se da recuperacao da economia mas a questao é qual economia a portuguesa não é de certeza, o investimento cada vez é mais regrado, poupar dinheiro e uma realidade impossivel de atingir e o individamente das familias portuguesas cada vez é maior sem possibilidade de controlo pois aqui aplica-se o inverso de que dinheiro faz dinheiro, endividamento provoca mais individamento. Nao querendo ser alarmista mas as vezes penso que estamos a beira do abismo numa queda vertiginosa sem recurso a paraquedas. A pressao dos impostos sobre as empresas é cada vez maior, o preço dos combustiveis esta a fazer com que o preço dos serviços dispare o que provoca um loop desastroso, bens e serviços mais caros logo menos vendas dada a progessiva falta de poder de compra. O caminho cada vez mais é sinuoso e sem perspectivas de melhorar. Mas no final apenas nos resta a esperança que isto mude porque tudo tem um fim e embora ache que ainda não tenhamos batido no fundo é para la caminhamos no final havemos de dar a volta, agora resta saber quem e que vai conseguir aguentar até lá.
ResponderEliminarUm grande abraço
Vale
Olá Zé Ferradura.
ResponderEliminarO meu desespero é diferente. Sabe que há alturas em que o País devia tocar a reunir e esta é uma delas. O meu desespero é que ninguém se parece entender, ou pelo menos parece entender a gravidade da situação e tudo o que fizermos, tudo o que decidirmos terá consequências, positivas e negativas. Esta desestabilização social só vem agravar tudo. Mas cá estamos para ver... Relativamente ao TGV e à TTT sabe quais são as fontes de financiamento. A Europa. E não é por ai que o gato vai às filhoses. O País tem de gerar riqueza e é ai que falhamos enquanto povo. Há uma frase na bíblia que diz Abençoados sejam os inocentes e os ignorantes que deles é o reino dos céus (Não estou a chamar-lhe nomes, não me interprete mal). E essa frase não me sai da cabeça à uns tempos.
Amigo Vale concordo contigo. A solução não é fácil e não existem milagres, apesar de umas ideias meio miraculosas que andam por ai. Apesar de manter sempre a chama, mesmo que ténue, da esperança também acredito que piores tempos virão.
É sempre um prazer receber-te amigo e vou adicionar o tem blog às aventuras amigas.
Vale e Zé Ferradura aquele abraço.
José Gil
ResponderEliminarÈ verdade “Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão”.
Mas no entanto o pão que falta a alguns não deixa de ser o banquete de outros e por muito internacional que a crise seja, e é só se formos inconscientes é que não temos noção disso, ainda assim existem formas activas de vencer certos condicionalismos.
De facto em Portugal nunca se venderam tantos carros de luxo ou barcos de recreio, isto é público.
O mercado imobiliário está perfeitamente estagnado excepto o dos imóveis de luxo.
Os bancos apresentam lucros fabulosos mas não são tributados como o comum dos mortais.
O IVA é de 21% nas fraldas, seja de bebés ou de incontinentes, e nas jóias, também.
Enfim muitas coisas que estão mal, que não se podem só atribuir á conjuntura internacional.
Que tal começar a investigar-se de facto pessoas que apresentam sinais exteriores de riqueza que não coincidem com declarações anuais ao fisco?
Não é novo, não é refrescante, mas talvez desse um sentimento de justiça social.
Cumprimentos
Ana
A minha cara amiga (se me permite o tratamento) tem razão em algumas medidas que aponta, nomeadamente as dos bancos. Eu também acho que temos um sistema tributário muito favorável aos bancos.
ResponderEliminarNo que toca aos artigos de luxo, tais como casas, carros e barcos a Ana pode notar que é sempre assim. Dou-lhe mais uma informação... Apesar da crise, os voos estão cheios para os destinos de férias no estrangeiro.
No entanto, uma coisa é certa... Não há verso sem reverso. E o facto é que me parece impossível inverter essas situações que relata, principalmente a dos bancos... Porque são eles que financiam o Estado. Está a ver a relação perniciosa?
Se concordo com o que afirmou no seu comentário também tenho de lhe dizer que concordo que só essas medidas não melhoram o atraso estrutural de Portugal e os problemas económicos do nosso País. E esse é só um... O Estado cresce mais do que a economia. Ou seja, gastamos mais do que a riqueza que geramos e esta situação não se compadece com o tumulto constante e a agitação social que está a haver neste momento no nosso País.
Se a Ana me permite, gostaria de lhe fazer uma pergunta. A Ana negociava com quem lhe estivesse a apontar uma pistola? Ou teria poder para negociar se estivesse refém da outra parte?
Não sou ninguém para tentar ensinar o que quer que seja a alguém, nem tenho a veleidade de tentar mudar a opinião de ninguém. Mas estas questões preocupam-me sejam elas as condições laborais dos trabalhadores, sejam elas as condições de sobrevivência económica das empresas, porque de facto estamos a falar da mesma coisa, pois sem uns não existem as outras. E o que eu não vejo é ninguém preocupado com estas questões.
Um beijo e espero que volte a este espaço.
José Gil
ResponderEliminarPois permito que me trate por amiga á sua vontade.
Todas as coisas que diz, mais ou menos estou de acordo.
Quanto ás negociações com pistola, olhe que já negociei coisas muito difíceis, mas nesta luta entre trabalhadores e empresas é preciso reter uma pequena ideia, é uma luta desigual. A força negocial, não tenho dúvidas, está do lado do patrão e com este código de trabalho o trabalhador fica desarmado.
A questão do “Banco de Horas” já é aplicada nalgumas empresas aqui mesmo na nossa região e é um logro para os trabalhadores.
Será que é com medidas com esta de se poder alterar horários, quase de forma inesperada e diária, que podem levar ao cumprimento de 65 horas semanais, que se estrutura a vida familiar. Será que é com a instabilidade de total no emprego?
Depois apela-se a que nasçam mais crianças, eu tenho duas, mas estou muito apreensiva quanto ao seu futuro e ter filhos é muito caro neste país.
Enfim reflexões.
Mas a caldeirada entre banca e governos ou políticos é de facto uma situação muito prejudicial ao país.
Cumprimentos
Ana
Ok Ana. Vamos à questão das 65 horas. É um documento de trabalho ainda em estudo pela União Europeia e a alteração ao Código do trabalho ainda não contempla o alargamento das 40 horas de trabalho semanal. Aliás no antigo Código isto já tinha sido revisto tendo sido introduzido o Conceito de Média, ou seja, um trabalhador em 6 meses teria de ter uma média de 40 horas semanais.
ResponderEliminarO que provavelmente a Ana se refere é à possibilidade de um trabalhador poder fazer mais do que as 8 horas por dia. Deixe-me assinalar duas coisas: a 1ª tem a ver com a obrigação do cumprimento das 40 horas semanais, que não foi retirada do código do trabalho, o que na prática implica haver mais dias de descanso ou trabalho residual(exemplo prático: um trabalhador que faça 2 dias de 14 horas + 2 dia de 8 horas perfaz as 40 horas semanais ou seja, sobra-lhe um dia da semana); 2ª Este acordo faz-se de forma directa entre empregador e empregado, sem necessidade de recorrer aos sindicatos. E tem de haver acordo entre os dois.
A Ana pode-me dizer que existem formas de o patrão "obrigar" o empregado a concordar. Pois existem, mas também existem tribunais de trabalho em Portugal, que são dos que melhor funcionam.
É caro ter filhos em Portugal. Estamos de acordo. Mas este código do trabalho aumenta os direitos dos casais com filhos.
Ó Ana, como me parece uma pessoa razoável e por isso com quem dá gosto discutir, pois o que trocamos não são insultos mas sim factos ou argumentos, diga-me uma coisa; Acha possível nesta instabilidade toda haver emprego estável? Como garantir o emprego a um trabalhador se não se consegue garantir a empresa? Como garantir o direito ao trabalho se as empresas não recrutam pessoas? Se lhe dissessem, à um ano atrás, que os combustíveis iriam estar no nível que estão a Ana acreditaria? Repare que o número de trabalhadores no quadro permanente de uma empresa, hoje em dia, tem de ser flexibilizado. Mais Risco, maior vencimento. Eu sei que aqui neste ponto estamos em total desacordo. Mas numa situação extrema acha possível mesmo a garantia do direito ao trabalho, quando as empresas estão a fechar? Se acha diga-me uma medida, para garantir o direito ao trabalho, que não esteja ligada à produção de mais-valias?
Relativamente aos bancos de horas pode concretizar porque são um logro? e já agora pode dar alguns exemplos por favor?
Um muito obrigado por esta troca de ideias que considero um verdadeiro exercício democrático.
José Gil
ResponderEliminarVai desculpar-me mas de momento não posso responder-lhe a tudo.
Como mãe vou agora iniciar o meu 2º emprego, não remunerado, o de mãe, cozinheira, explicadora, psicóloga por vezes, mulher da limpeza, etc.
As 65 horas são preocupantes pelo princípio em sí, todos sabemos que em muitas empresas existem muitos trabalhadores que trabalham muito para além do horário.
Mas não podemos escamotear que a luta pela regalia das 40 horas semanais tem quase um século de existência, foi uma conquista na Europa, não parece muito bem arrumar com um princípio pelo qual tanta gente deu o corpo ao manifesto.
Depois volto atrás, a corda parte do lado mais fraco, você trabalha, vamos supor que vive sozinho e partilha a custódia de um ou dois filhos menores, hoje dizem-lhe “ tenho muita pena mais vais ter de ficar mais 4 horas.” O José telefona á mãe da criança e diz “olha é assim!”
E se do outro lado fizerem o mesmo á mãe da criança, socorre-se dos avós, mas se os avós não puderem de todo….
Isto não é um exemplo no abstracto já trabalhei com o meu filho ao lado sentado numa mantinha, tinha um ano, enquanto eu montava uma exposição, a diferença é que o fiz porque quis, não por uma imposição.
Pode-me dizer “Então só se faz quando se quer?”
Não, mas o contrato de trabalho é como a venda de um bem qualquer, contratam-nos para vendermos o nosso trabalho durante x/horas/dia, se a meio do jogo mudam as o nº de horas, dias ou montantes é complicado.
Outra coisa é eu querer fazer um desconto, mas as regras tem de ser bem claras á partida.
Quanto aos horários flexíveis, a lei sempre previu “isenção de horário de trabalho”, é paga claro!
Quanto ás empresas e empresários, outro exemplo real e concreto, um grupo instalado na zona de Palmela (zona da Makro), cerca de 60% da facturação era para fora da UE e arranja-se maneira de não ser facturada, o sócio maioritário tinha (tem) vários carros de alta cilindrada, casa em condomínio de luxo, monte no Alentejo, barco só manobrável com tripulação, no entanto declarava (e talvez ainda declare) o Salário Mínimo Nacional.
A firma não aguentou, contabilisticamente estava falida, no entanto o dinheiro que entrava pela “porta do cavalo”, estava no bolso do empresário, os trabalhadores não receberem indemnizações compensatórias, ficaram a “arder” com horas extra, subsídios de natal e férias.
As viaturas e máquinas eram alugadas, as instalações também, enfim um rosário já habitual.
O empresário abriu outra sociedade no mesmo ramo, com as mesmas máquinas que comprou em leilão e opera em instalações muito perto das anteriores, até vive no mesmo sitio!
Banco de Horas – Autoeuropa, eu cá não sabia fiquei a saber ontem e quem me contou não estava nada contente.
Enfim é nestes campos que eu acho que não se actua e que existem grandes compadrios.
Mais duas ou três coisitas (antes de me agarrar ao fogão):
-Tribunais de Trabalho, em média demora dois anos a sair a sentença. Sei disso de muito de perto, duas pessoas da minha família, em locais distintos e com convicções politicas totalmente diferentes, foram despedidas injustamente, ganharam as causas, as alegações patronais eram falsas. Na prática foram despedidas por estarem grávidas, perderam as duas os bebés, uma teve direito a subsídio de desemprego durante o julgamento a outra não.
Pior do que tudo é rotulo.
-Consulta de obstetrícia do Hospital de São Bernardo em Setúbal - è ver grávidas a meio do tempo de gestação enfaixadas para ocultar a gravidez. Trabalham em grandes superfícies e nalgumas fábricas, fazem-no porque dizem “Contrato de grávida não é renovado”.
Enfim quando começo a escrever esqueço-me, não sei se tenho tempo para estas coisas hoje, se não até á próxima.
(Peço desculpa pelo tempo de antena)
Ana... Relativamente à Autoeuropa vou ter de "averiguar" (até pareço um inspector)
ResponderEliminarO que me relata é realmente mau e põe em causa o papel fiscalizador do Estado e por isso sou a favor de uma fiscalização apertada.
Relativamente às grávidas, pois... mais fiscalização.
Relativamente às regras do Jogo... Elas mudam sempre que se justifique. Afianço-lhe que o que diz no código foi o que escrevi. Só por acordo entre patrão e trabalhador.
Agora quando a fiscalização aperta é pidesca e fascizante... Vá-se lá entender estes portugueses (não me estou a referir a si Ana).
Cara amiga, apesar de ainda não ter esse segundo trabalho não remunerado hoje também já estou apertado de tempo.
Desejo-lhe um bom jantar e amanhã respondo ao resto.
Cumprimentos
Meus caros,
ResponderEliminarTenham em atenção o seguinte:
O código de trabalho que permitirá um trabalhador(a) fazer 3 dias 36 horas, 12 horas por dia é compatível com infantários, escolas,creches??
O código de trabalho que permitirá que entidades patronais negoceiem com sindicatos minoritários que representam poucos trabalhadores numa empresa mas aquilo que negociarem ser aplicado a todos é justo?
A proposta aceite pela UGT poderá ter como efeito alimentar o desinteresse dos trabalhadores pela acção sindical. Ao deixar de estar obrigado a sindicalizar-se para beneficiar do resultado das negociações com os patrões, o trabalhador poderá escolher a convenção colectiva que melhor lhe convier, independentemente de ser filiado ou não.
Mas a contrapartida desta medida deverá prejudicar o interesse dos trabalhadores no seu conjunto, já que o patronato pode recusar-se a negociar com o sindicato mais representativo e assinar a convenção com um sindicato muito minoritário ou, como acontece em vários sectores, próximo dos interesses dos patrões.
Código de trabalho que fará com que os trabalhadores trabalhem horas extraordinárias sem as receber é justo?
"Banco de Horas",a grosso modo, este novo cálculo de horas de trabalho permite a um trabalhador efectuar "horas extraordinárias" sem ser pago como tal. Ora, isto já acontecia em diferentes profissões e trabalhos. Pontualmente, e com um acordo entre o empregador e o trabalhador, poder-se-ia suprir os efeitos das "pontes" compensado-as, o trabalhador, efectuando horas de trabalho a mais do que o estipulado. Portanto, uma excepção legal e aceite. Tenho conhecimento de casos, onde sem prévio acordo entre a entidade patronal e o trabalhador era extrapolada esta excepção. Acontecia, que num mês de trabalho, havia a possibilidade de acumular dezenas de horas extraordinárias sem serem pagas como tal, que viriam a ser consubstanciadas em "folgas". Um claro abuso patronal punível mediante o vigente código de trabalho. O "novo" código laboral irá normalizar tal ilegalidade.
Código de trabalho que permitirá que os bancos de horas sejam criados pelas horas suplementares para gozarem os dias posteriormente é justo?Será que os trabalhadores conseguem ir ao supermercado e pagar em dias?
O Governo propôs que as convenções colectivas possam caducar em cinco anos e não nos dez anos, como tinha proposto em Abril passado. No geral, o patronato vê satisfeitas as suas principais reivindicações: maior flexibilidade nos horários de trabalho, redução de custos salariais e maior agilização do despedimento por justa causa e colectivo, para lá desta aceleração na caducidade das convenções.
Não vou mais longe, e caro Gil tenha atenção às questões sobre maternidade/paternidade, compare com as condições actuais e diga-me alguma coisa depois, se assim o entender.
Este é um assunto que terá muito mais por dizer, até porque a discussão pública vem aí e o que está preparado são mais de 600 artigos!
A Autoeuropa tem um acordo que permite aos trabalhadores terem
15º mês de salário, algum empresário Português tem interesse nesta fórmula? Nenhum!
O 15º mês só não é pago se a empresa tiver a necessidade de paralisações, durante o ano, que atinjam um mês completo (22 dias uteis), utilizam, assim, os dias que correspondem ao 15º mês, nas paralisações de força maior,e em pontes também, mantendo os trabalhadores em casa a receberem igual como se estivessem a trabalhar. Algum patrão Português está interessado nisto? Nenhum!
Para terem este acordo não trabalham nem mais uma hora além das 40 semanais, negociaram um acordo em que abdicaram de dois anos sem aumentos salariais e têm o 15º mês vitalício. Algum patrão Português está interessado nisto ? Nenhum!
Cumprimentos e peço desculpa pelo longo texto.
Zé Ferradura
O Zé Ferradura agora surpreendeu-me!
ResponderEliminarBem argumentado sim senhor.
Olá a todos, devido a ter muito trabalho hoje, só vou responder mais pela fresquinha, ou seja pela noitinha.
ResponderEliminarAté logo
José Gil
ResponderEliminarSubscrevo ipsis verbis o Zé Ferradura.
Já agora escusa de estar sempre a referir que trocamos argumentos de forma civilizada, basta continuarmos a faze-lo (com certeza que assim será).
Sabemos á priori que temos pontos de vista diferentes, a partir daí tudo se constroi.
Tenho amigos (não virtuais) de todas as tendencias politicas, familiares directos também (excepção do CDS/PP não me recordo de ninguém) mas fui educada na cultura do respeito mutuo.
E gosto muito de ter estas discussões assim, com frontalidade, boa educação e respeito mutuo.
Cumprimentos
Caro Zé comecemos pelo seu comentário. Diz o amigo:
ResponderEliminar"O código de trabalho que permitirá um trabalhador(a) fazer 3 dias 36 horas, 12 horas por dia é compatível com infantários, escolas,creches??" - Olhe que já hoje os horários não são compatíveis com creches e escolas. Só muito recentemente as creches aumentaram a hora de fecho para as 19 horas ou seja terá que haver ajustes aos horários de funcionamento destas instituições. O meu problema são as famílias monoparentais... agora nas outras é um pouco difícil que ambos os pais estejam em horários de 12 horas
Continua o amigo dizendo: "O código de trabalho que permitirá que entidades patronais negoceiem com sindicatos minoritários que representam poucos trabalhadores numa empresa mas aquilo que negociarem ser aplicado a todos é justo?" Ora fazendo uma leitura do documento a intenção é que a maioria das empresas passe a ter um ACT e deixe de estar abrangida pelos CCT's que são acordos mais gerais e nem sempre ajustados às realidades especificas das empresas. Por outro lado, o problema que levanta é estranho, pois, e relativamente à mesma actividade e sector faz sentido que hajam muitos sindicatos? Só o faz se estes forem de inspiração partidária como acontece hoje, dividindo os trabalhadores, não por sectores de actividade e problemas específicos da sua profissão, mas pela sua cor partidária. Deveria haver uma reformulação profunda da actividade sindical, centrando-se esta em defender as causas para que foi criada e não os ideais políticos de partidos.
"A proposta aceite pela UGT poderá ter como efeito alimentar o desinteresse dos trabalhadores pela acção sindical. Ao deixar de estar obrigado a sindicalizar-se para beneficiar do resultado das negociações com os patrões, o trabalhador poderá escolher a convenção colectiva que melhor lhe convier, independentemente de ser filiado ou não." Se diz alimentar é porque esse desinteresse já existe. Porque é que deve ser obrigatório a inscrição num sindicato? Não deverá o trabalhador, já que despende de uma verba do seu salário para o sindicato, ter uma palavra a dizer sobre isso? não deverá ele ter a liberdade de escolha e a vontade de fortalece a unidade de classe ou acha correcto que isso se faça obrigatoriamente? Também lhe digo que o número de inscritos nos sindicatos tem diminuido nos últimos anos. E isto são palavras do Carvalho da Silva. E não me venha dizer que a única causa desta diminuição é as dificuldades levantadas pelo patronato. Tenho muitos conhecidos que quendo precisaram do seu sindicato, ficaram a arder... Olhe então que se proiba um trabalhador de usufruir dessas convenções se não se sindicalizarem. E vamos ver quantos acordos directos serão realizados. Talvez possamos medir as diferenças de um trabalhador não sindicalizado abrangido pela convenção colectiva e um pela negociação directa.
"Mas a contrapartida desta medida deverá prejudicar o interesse dos trabalhadores no seu conjunto, já que o patronato pode recusar-se a negociar com o sindicato mais representativo e assinar a convenção com um sindicato muito minoritário ou, como acontece em vários sectores, próximo dos interesses dos patrões." Pois voltamos a problema dos múltiplos sindicatos. A sua critica pode ser apontada também à actividade sindical. Se só houvesse um sindicato para cada classe, talvez este problema não se pusesse.
"Código de trabalho que fará com que os trabalhadores trabalhem horas extraordinárias sem as receber é justo?" Não. Não acho. Nas empresas de serviços o não pagamento de horas extraordinárias é uma realidade à muitos anos. Muitas vezes nem a devida compensação em dias existe. Mas em contrapartida conheço muitos casos em que o empregador paga essas horas extraordinárias aos seus trabalhadores. Neste tópico das horas extraordinárias por favor veja o caso da SetNave e Lisnave. Veja o que aconteceu... E o tempo de falta? E um trabalhador que falta injustificadamente? deverá ser-lhe somente retirado o vencimento ou dever ressarcir a empresa dos reais prejuízos da sua falta?
Relativamente aos bancos de horas, eles já acontecem em muitos sectores de actividade. É quase uma prática normalizada. óbvio que se for ao supermercado não lhe deixam pagar em dias... Relativamente a este assunto ainda tenho de ler com maior cuidado a legislação que vai entrar em vigor para lhe responder.
"O Governo propôs que as convenções colectivas possam caducar em cinco anos e não nos dez anos, como tinha proposto em Abril passado. No geral, o patronato vê satisfeitas as suas principais reivindicações: maior flexibilidade nos horários de trabalho, redução de custos salariais e maior agilização do despedimento por justa causa e colectivo, para lá desta aceleração na caducidade das convenções." A caducidade das convenções estou de acordo. Sejam cinco porque isso obriga todos os envolvidos a trabalharem mais em prol do acordo. Relativamente à agilização do processo de despedimento também estou de acordo. Foram alterados os processos, mas foram mantidos todos os direitos das partes. Não foi introduzido nem mexido nenhum fundamento de despedimento. Viu o caso do hospital psiquiátrico dos Estados Unidos hoje na televisão, onde uma senhora morreu na sala de espera(onde teve 4 horas) à espera de ser atendida e só deram com o corpo passado 1 hora após a sua morte? Consequência: 2 médicos despedidos, 2 enfermeiras e 2 seguranças. Sabe o que vai acontecer se algum destes despedidos sentir que os seus direitos não estão assegurados, vai para tribunal e pede uma indemnização choruda.
Por favor proponha essas medidas da Autoeuropa aos sindicatos e vamos ver quantos concordam com elas... Não seja tendencioso. Muitos dos bons empresários pelariam-se por um acordo desses. Vá por mim. Se convencer os sindicatos, ergo-lhe uma estátua. Ainda se lembra da contestação que houve por causa desse acordo? Ainda se lembra dos sindicatos a tentarem convencer os trabalhadores da autoeuropa que era um mau acordo? Então agora já serve de referência?
Lembra-se quando a TAP propôs medidas idênticas e os sindicatos se opuseram? em que ficamos é bom ou é mau?
Meu amigo Zé (após tanta troca de palavras, sinto que já o posso tratar por amigo) peço-lhe que não veja só um lado da questão e que seja ponderado. Tal como existem maus patrões e os há, existem maus empregados que se aproveitam da lei para trabalhar menos e ganhar mais. Mas também existem excelentes empresas em Portugal e é uma pena que continue a por todos no mesmo saco.
Como a amiga Ana afirmou concordar consigo, poupou-me trabalho respondo só ao Zé.
Um bem hajam aos três (anónimo incluido) e continuem a passar por aqui.
O Zé Ferradura agora surpreendeu-me!
ResponderEliminarBem argumentado sim senhor.