Sindicalismo ou Sindicalismos?
Em Portugal o movimento sindicalista tem vindo, ano após ano, a perder a sua força enquanto justo representante dos trabalhadores portugueses. O sindicalismo português actua hoje mais como uma força de bloqueio e de resistência à mudança, do que propriamente como defensor da classe trabalhadora. No meu ponto de vista, esta perda de importância está aliada a um único factor, a excessiva partidarização dos Sindicatos e das suas reivindicações.
O movimento sindicalista português construiu-se em torno de ideologias políticas, maioritariamente de esquerda (com algumas excepções, caso dos TSD) havendo duas grandes centrais sindicais perfeitamente conotadas com partidos políticos. A CGTP conotada com o PCP e a UGT com o PS. Questiono-me o porquês deste bipolarismo sindical. Será estas duas estruturas são efectivamente as melhores para defender os interesses de quem trabalha? Sabe-se que existem pessoas, nessas estruturas sindicais. de diferentes partidos daqueles com que as estruturas estão conotadas. Ao fazer-se o discurso ao nível partidário não se estará a por em causa essas pessoas? Ou se reduzem ao silêncio ou são consideradas não concordantes.
Será que haver 2 ou mais sindicatos para a mesma classe, cujas posturas se diferenciam pelas ideologias base fortalece a luta? Ou será que não? Ainda o outro dia um blogista amigo, o Zé Ferradura, dizia que com esta alteração ao código do trabalho os sindicatos iam perder força pois era dado liberdade às empresas de negociarem com sindicatos menos representativos e logo com menos força na defesa dos direitos dos seus membros. Ao que eu lhe respondi que se calhar mo real problema era haver mais do que um sindicato, pois se só existisse um, este problema já não se punha.
Mesmo com a concertação colectiva se passa o mesmo. Os sindicatos acusam-se uns aos outros de fazerem favores a este ou àquele governo. Não será isto que está mal e que põe em causa a força negocial dos sindicatos, o facto de a sua força estar repartida e espartilhada por mais do que um sindicato? Veja-se o caso das Unions americanas. Se calhar não são o melhor exemplo, no que toca aos esquemas em que algumas dessas Unions se envolvem, mas uma coisa é certa. Elas têm tanta força que conseguem impor as suas medidas e as suas exigências, mesmo aos grandes grupos económicos.
A diversidade sindical foi baseada na discordância politico-partidária e na desconfiança. O resultado é a existência de muitos sindicatos sem meios, sem força e com ideias caquécticas das realidades laborais que não conseguem nada junto das confederações patronais, nem nas negociações de concertação colectiva.
Por tudo o que afirmei em cima, considero que os sindicatos em Portugal prestam o péssimo trabalho aos seus associados. Não os defendem (com o de resto se tem visto ao longo destes anos) os seus associados, não conseguem propor medidas dignificantes para as profissões que defendem e cada vez mais são retrogradas ao avanço do mundo. Vejam-se alguns CCT's que são uma vergonha, com promoções por antiguidade e sem necessidade de avaliação de competências, que resultaram numa cultura organizacional pobre, alinhada por baixo e sem espírito de iniciativa, relegando para segundo plano a formação profissional e o mérito na progressão profissional.
Enquanto estiverem ligados aos partidos e se colarem ao discurso destes, os Patrões irão sempre fazer como querem, quando quiserem e onde quiserem, pois nem uma paralisação total, hoje em dia, os sindicatos conseguem.
O movimento sindicalista português construiu-se em torno de ideologias políticas, maioritariamente de esquerda (com algumas excepções, caso dos TSD) havendo duas grandes centrais sindicais perfeitamente conotadas com partidos políticos. A CGTP conotada com o PCP e a UGT com o PS. Questiono-me o porquês deste bipolarismo sindical. Será estas duas estruturas são efectivamente as melhores para defender os interesses de quem trabalha? Sabe-se que existem pessoas, nessas estruturas sindicais. de diferentes partidos daqueles com que as estruturas estão conotadas. Ao fazer-se o discurso ao nível partidário não se estará a por em causa essas pessoas? Ou se reduzem ao silêncio ou são consideradas não concordantes.
Será que haver 2 ou mais sindicatos para a mesma classe, cujas posturas se diferenciam pelas ideologias base fortalece a luta? Ou será que não? Ainda o outro dia um blogista amigo, o Zé Ferradura, dizia que com esta alteração ao código do trabalho os sindicatos iam perder força pois era dado liberdade às empresas de negociarem com sindicatos menos representativos e logo com menos força na defesa dos direitos dos seus membros. Ao que eu lhe respondi que se calhar mo real problema era haver mais do que um sindicato, pois se só existisse um, este problema já não se punha.
Mesmo com a concertação colectiva se passa o mesmo. Os sindicatos acusam-se uns aos outros de fazerem favores a este ou àquele governo. Não será isto que está mal e que põe em causa a força negocial dos sindicatos, o facto de a sua força estar repartida e espartilhada por mais do que um sindicato? Veja-se o caso das Unions americanas. Se calhar não são o melhor exemplo, no que toca aos esquemas em que algumas dessas Unions se envolvem, mas uma coisa é certa. Elas têm tanta força que conseguem impor as suas medidas e as suas exigências, mesmo aos grandes grupos económicos.
A diversidade sindical foi baseada na discordância politico-partidária e na desconfiança. O resultado é a existência de muitos sindicatos sem meios, sem força e com ideias caquécticas das realidades laborais que não conseguem nada junto das confederações patronais, nem nas negociações de concertação colectiva.
Por tudo o que afirmei em cima, considero que os sindicatos em Portugal prestam o péssimo trabalho aos seus associados. Não os defendem (com o de resto se tem visto ao longo destes anos) os seus associados, não conseguem propor medidas dignificantes para as profissões que defendem e cada vez mais são retrogradas ao avanço do mundo. Vejam-se alguns CCT's que são uma vergonha, com promoções por antiguidade e sem necessidade de avaliação de competências, que resultaram numa cultura organizacional pobre, alinhada por baixo e sem espírito de iniciativa, relegando para segundo plano a formação profissional e o mérito na progressão profissional.
Enquanto estiverem ligados aos partidos e se colarem ao discurso destes, os Patrões irão sempre fazer como querem, quando quiserem e onde quiserem, pois nem uma paralisação total, hoje em dia, os sindicatos conseguem.
Gil,
ResponderEliminarPor acaso leu a entrevista do Carvalho da Silva. Está interessante!
Cumpts
Zé Ferradura
Olá Zé.
ResponderEliminarNão não vi. Onde posso ler a entrevista de Carvalho da Silva?
Cumpts
José Gil
ResponderEliminarJá agora também aconselho o livro do Carvalho da Silva.
Não tenho muito tempo, mas queria só dizer o seguinte, os sindalistas são pessoas que se interessam e que tentam ser esclarecidas, melhorar a sociedade, como tal é difil não terem opções politicas.
Tenho a certeza é que estão melhor defendidos os interesses dos trabalhadores pelos sindicatos do que os trabalhadores sózinhos.
Obrigado pelas palavras amaveis que me tem deixado.
Olá Gil,
ResponderEliminarNo JN de dia 15/07.
Cumpts
Zé Ferradura
Ana eu não disse em lado nenhum no artigo que achava que os trabalhadores estavam melhor sozinhos.
ResponderEliminarO que eu disse foi que haver mais do que um sindicato para a mesma classe profissional resulta em enfraquecimento da força sindical.
E que não me parece razoável que este número de sindicatos surja baseado em ideologias e políticas partidárias.
Cumprimentos
Zé obrigado vou agora mesmo ler.
Cumpts também
Boa noite,
ResponderEliminaraté ao 25 de Abril, exitia em Portugal, a CGTP-IN e algumas Associações de Classe. Após esse data um tal de Mário Soares entendeu que não conseguia controlar a Inter e impós a criação da UGT. Não só nem nunca fui a favor da criação artificial de estruturas, sejam elas representativas do que quer que sejam. Mas este foi só mais um dos grande contributos que esse individuo deu para o desenvolvimento do pais. Quanto ao serem feitas apreciações negativas aos sindicatos e aos sindicalista, se calhar terá a ver com o facto de conseguirem unir na rua milhões de portugueses contra o vergonhoso Código Laboral, assinado pelo pseudo-sindicato da UGT, que agora afirma que o Governo não cumpriu com o estabelecido (João Proença 2008/07/19). Tenho sérias dúvidas que assim seja, acredito mais, que que tenha sido a pressão das bases, sindicatos filiados na UGT que o levou a dar o dito por não.
antónio
Caro Gil,
ResponderEliminarEntão que dizer sobre as declarações de João Proença sobre o acordo do Código de Trabalho?
JN de hoje ou DN
Cordialmente
Zé Ferradura
Artigo 55.º da CRP
ResponderEliminar(Liberdade sindical)
4.- As associações sindicais são independentes
do patronato,
do Estado,
das confissões religiosas,
dos partidos e outras associações políticas,
devendo a lei estabelecer as garantias adequadas dessa independência, fundamento da unidade das classes trabalhadoras.
Esta norma tem sido aplicada em toda a sua extensão?
Estamos de acordo com isto ou é realmente necessário alterar esta norma?
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarCaro António. Mais uma vez bemvindo. Gostei da provocação mas ainda assim, mantenho tudo o que disse. A multiplicidade de sindicatos leva a uma perda de força negocial. Não discuto se esse sindicato deveria ser a UGT ou CGTP.
ResponderEliminar(Início de provocação)Já agora, quem terá sido o mentor da CGTP? Por acaso não terá sido o Professor Doutor Álvaro Cunhal não?(fim de provocação)
Um bom-fim-de-semana e volte sempre.
Caro Zé. Isto é que vai uma criso com os jornais online? Procurei de todas as formas possíveis e imaginárias encontrar as duas entrevistas e não as encontrei nos referidos jornais, nem noutros sitios online. O que é uma desgraça pois estava muito curioso em ler o conteúdo das duas.
Os Habituais Cumprimentos e desejos de bom fim-de-semana.
Anónimo. Para mim só tem de se cumprir na prática o artigo 55, pois em teoria ele é verdade, mas na prática está como o mercados dos combustíveis. Todos sabemos que há cartelização, mas não se consegue ou se quer provar.
Pergunto-lhe se acha mesmo que os sindicatos são independentes dos partidos?
Volte sempre e um bom fim-de-semana para si também.
Só mais uma coisa. Para não acharem que ando a remover comentários inconvenientes para o blog, quero dizer que o comentário que foi removido é meu, por isso não serve de prova em casos de censura. ;)
Um bem hajam todos
É claro que não acho que sejam.
ResponderEliminarMas temos que encontrar um ponto de equilíbrio entre os direitos, pois não acho que se possa impedir qualquer cidadão/trabalhador de ser dirigente sindical e militante( não dirigente) de um partido.
Caro Gil,
ResponderEliminarPosso enviar por mail a entrevista de Carvalho da Silva e as declarações de João Proença por mail.
Cumpts
Zé Ferradura
José Gil
ResponderEliminarSó um reparo, sem provocações viu o que aconteceu ao Sindicalista que estava desaparecido na Colombia?
Foi encontrado o cadaver com sinais de tortura.
Ser sindacalista é uma actividade perigosa, não tanto como na Colombia, mas em Portugal a CGTP lutou antes do 25 de Abril e viu muitos sindacalistas sofrerem na pele por causa disso.
Quanto aos jornais, peço desculpa aos 2 Zés (você e Ferradura), por muito que consulte on-line não melhor coisa do que a edição impressa, o cheiro do papel, o prazer de desfolhar.
beijo