Uma Aventura pela Economia

Hoje gostaria de fazer um ponto de situação da economia economia em que hoje vivemos.

Quero começar por dizer que compreendo o que leva um Governo a aliviar a carga pesada dos impostos que recaem sobre as empresas, falo no caso do IRC, esperançado que este alivio se traduza numa maior disponibilidade, por parte das empresas, para o investimento (condição essencial para a criação líquida de emprego), com o intuito de, desta forma, dinamizar uma economia estagnada e estrangulada, pelas medidas que foram sendo tomadas ao longo destes últimos anos.

Se essa almofada, que entretanto se vai criar, é uma condição essencial para a criação de novos postos de trabalho, ela, no meu entender, não é suficiente por si só, para que tal aconteça.

Um investimento só o é, quando existe uma perspectiva de rentabilidade, ou seja que se preveja que essas verba possa gerar mais-valias a quem investe. Numa empresa isto só acontece quando existe um aumento das vendas, que obriga a um aumento da produção que, caso a capacidade da empresa já esteja esgotada, leva à necessidade criação de novos postos de trabalho. Este aumento das vendas pode resultar de uma maior procura interna ou por um aumento dos mercados internacionais, através da internacionalização.

Assim, analisemos primeiro o consumo interno. Devido a uma diminuição drástica do rendimento disponível das famílias e das empresas, através do aumento dos impostos directos e indirectos, o nível de consumo interno caiu a pique nos últimos anos e afectou um enorme conjunto de empresas que viram por esta via uma redução do número de encomendas e dos níveis de vendas. Os interessados nestas matérias sabem que o consumo interno tem sido o motor principal da nossa economia, pelo que a redução abrupta do nível de consumo provocou o abrandamento da nossa economia até entrarmos em recessão.

O consumo interno, foi em grande parte responsável pelo desequilibro na nossa balança de trocas comerciais, uma vez que como o consumo do produto interno é baixo, necessitamos de importar bens para colmatar as nossas necessidades (veja-se o caso dos combustíveis). Isto significa que grande parte do dinheiro que gastamos no consumo, vai para os países onde adquirimos esses bens, não resultando por isso num aumento das vendas para as empresas nacionais.

Importa ainda referir que neste momento, e como não nos habituámos a consumir o que é nosso(muito por culpa da diferença de preços), caso o consumo interno cresça, vai ter pouco impacto na economia das nossas empresas, pelo que dificilmente gerará mais-valias suficientes para haver criação de mais postos de trabalho. E mesmo que gere, serão canalizadas para o pagamento de dívidas acumuladas nestes últimos 3 anos. O mesmo podemos presumir que se aplicará à almofada criada pela redução do IRC.

A internacionalização, outra forma de possível de crescer, infelizmente não está ao alcance da grande maioria das empresas que compõem o nosso tecido empresarial, uma vez que muitas destas não estão estruturadas nem têm modelos de negócio (e muitas vezes produtos) que sejam passíveis de serem exportados. E as que porventura tenham, falta-lhes o "músculo" financeiro para o fazer, uma vez que o crédito está cada mais difícil.

Apesar disso, é uma verdade que, nos últimos anos, as nossas exportações têm aumentado, penso eu que muito à custa das empresas que já exportavam e que viram os seus mercados aumentarem o nível de consumo e não pelo número de novas empresas exportadoras.

Em jeito de conclusão, somente através de um conjunto de medidas que visem estimular o crescimento, quer seja pela alteração dos hábitos de consumo, aumentando os nível de consumo dos produtos portugueses, que consequentemente levaria a um aumento dos salários praticados e a um aumento do nível de emprego,  quer seja por uma alteração estrutural do nosso tecido empresarial, obrigando quem cria novos negócios a uma mentalidade exportadora e a modelos de negócio mais apropriados e sustentáveis, quer seja numa aposta de modelos de nicho por parte do Estado, criando condições para o aparecimento de novos negócios sustentados e geradores de mais-valias, a tomada de medidas a avulso, será sempre somente um arremedo, não tendo impacto a curto ou a médio-prazo nas vidas das familias.


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