A Direita Alternativa
Sempre tive um interesse muito grande por fenómenos sociais.
Devo confessar que nestes ultimos anos, nenhum fenómeno social foi tão impactante como o Brexit. E não foi pela decisão de sair da União Europeia, mas porque pela primeira vez, a chamada Direita Alternativa fazia prova de vida e ganhava a eleição.
Passados uns meses do Brexit, em Novembro de 2016, Donald J. Trump era eleito Presidente dos Estados Unidos com um discurso em tudo semelhante àquele que serviu de base para a saida do Reino Unido da União europeia.
Esse discurso, acente numa verdade alternativa, na diabolização da emigração, na discriminação social e no apoio à exclusão, simplista e popular com "soluções" aparentemente simples para os problemas cada vez mais complexos, teve grande correspondência num eleitorado enfraquecido, farto de promessas e soluções que nunca chegaram para travar a degradação continua do seu modo de vida, feitos pelos actores políticos utilizando sempre os mesmos discursos redondos e politicamente correctos.
O crescimento da Direita Alternativa é proporcionalmente inverso à falência das instituições tradicionais, como por exemplo os partidos políticos que, com a sua actuação muitas vezes sem nexo, geram uma enorme desconfiança e afastamento dos eleitores. Para a grande maioria, eles são a causa e não a solução para o problema.
A Direita Alternativa veio assim, preencher um vazio deixado pelos tecnocratas, pela forma em como lidaram, por exemplo, com a Crise de 2008 e pelos os sacrificios que obrigaram os povos a fazer para salvar o Sistema Económico, em detrimento de políticas mais justas e ajustadas às necessidades desses mesmos povos.
A Direita Alternativa veio assim, preencher um vazio deixado pelos tecnocratas, pela forma em como lidaram, por exemplo, com a Crise de 2008 e pelos os sacrificios que obrigaram os povos a fazer para salvar o Sistema Económico, em detrimento de políticas mais justas e ajustadas às necessidades desses mesmos povos.
O crescimento deste tipo de Direita deve-se em grande medida aos meios de comunicação social que começaram a difundir estas mensagens, validando-as e tornando-as mais atractivas para um largo segmento da população, que está mais interessada e partilhar soundbytes nas redes sociais, do que ter factos concretos ou saber a verdade. Aliás, nos tempos que correm os factos NUNCA põem em causa uma boa história.
A massificação dos meios de comunicação social, os ciclos noticiosos de 24 horas aliados à cada vez mais crescente necessidade de financiamento, fez com que alguns OCS se refugiassem nesta forma de noticiar para poderem ser solventes, alegando que estavam simplesmente a "contar o outro lado da verdade". E o crescimento foi tão grande, que os meios tradicionais começaram a deixar-se seduzir por esta forma de noticiar, onde as opiniões se confundem com factos e a "verdade" tem de ser transmitida num lead.
Mas será que este movimento é uma novidade? Do meu ponto de vista não. Simplesmente a Direita adoptou os mesmos métodos que uma certa Esquerda caceteira e panfletária, que era anti-sistema e utilizava as "verdades alternativas" em prol dessa luta e como forma de conquistar um determinado eleitorado. Com esta Direita, partilham o ultra conservadorismo social, destinguindo-se pelo seu posicionamento económico. A Direita é claramente liberal (no mínimo) e esta esquerda progressista.
Em Portugal a situação é em tudo semelhante, com uma diferença... A Alt Right já esteve no Poder mas foi de forma encapuçada. Aqui e ali, vamos vendo algumas alas dos Partidos tradicionais utilizarem o mesmo género de discurso populista, cheio destas "verdades alternativas" aproveitando o descontentamento e do desconhecimento de grande parte das pessoas que votam.
Movimentos como o Chega de André Ventura são, sem dúvida, o rosto mais visivel da Alt Right portuguesa, que são apadrinhados, de alguma forma pelas "Fox News" Portuguesas. Veremos como cresce nas próximas eleições Legislativas já em Outubro.
Hoje e como sempre estes movimentos sociais políticos alimentam-se de um problema fundamental na construção de qualquer democracia. A forma encontrada para se defender destes tipo de pensamento foi, em muitos casos, o proibicionismo, quando deveria ter sido a educação. Deveriamos ter preparado as pessoas para perceberem que este tipo de discurso nunca tráz bons resultados, como nunca deu na História do Mundo.
Comentários
Enviar um comentário